Imagina-te a caminhar sobre o Rio Tâmega, suspenso a vários metros acima da água cristalina, com uma vista deslumbrante das margens verdejantes.
Esta experiência real é possível ao atravessar a icónica ponte de arame que liga Celorico de Basto a Ribeira de Pena, uma maravilha da engenharia centenária que continua a encantar residentes e visitantes.
Neste artigo, vais descobrir todos os segredos da ponte de arame, desde a sua rica história até ao impacto que tem no turismo regional. Prepara-te para uma viagem através do tempo, onde cada passo sobre os cabos de aço conta uma história de mais de um século.
A histórica ponte de arame
Construída originalmente em 1913, esta estrutura suspensa surgiu como resposta à necessidade vital de criar uma ligação eficaz entre as margens do rio Tâmega. Numa época em que as deslocações eram difíceis, a ponte de arame representou uma revolução na mobilidade local.
A construção foi um feito notável de engenharia para a época, utilizando técnicas inovadoras e cabos de aço para criar um caminho funcional sobre as águas do Tâmega. Esta solução considerou as características do rio, sujeito a cheias sazonais, bem como as limitações tecnológicas da época.
Ao longo dos anos, a ponte de arame tornou-se parte integrante da vida dos habitantes locais, servindo como caminho diário para trabalhadores e como acesso a terrenos agrícolas.
As histórias locais estão repletas de memórias associadas à travessia, desde namoros que começaram a meio da ponte até momentos de perigo durante as cheias mais intensas.
Reabilitação da ponte de arame
Após décadas de utilização contínua e exposição aos elementos, a estrutura começou a apresentar sinais de degradação significativos. A decisão de reabilitar a ponte surgiu como um compromisso entre preservar um elemento fundamental do património local e reconhecer o seu potencial turístico.
Os trabalhos de reabilitação iniciaram-se com uma avaliação minuciosa da estrutura existente. Os engenheiros enfrentaram o desafio de preservar o máximo possível da ponte original, substituindo apenas os elementos irremediavelmente danificados. Foram utilizadas técnicas modernas de restauro, sempre respeitando os métodos construtivos originais.
Um dos aspetos mais notáveis foi a substituição dos cabos de arame. Os novos cabos, embora fabricados com tecnologia atual, mantêm a aparência estética dos originais, preservando o carácter visual histórico da ponte.
O pavimento foi cuidadosamente reconstruído utilizando madeira tratada, garantindo durabilidade sem sacrificar a autenticidade.
Características únicas da ponte de arame de Celorico de Basto
A ponte tem aproximadamente 57 metros de comprimento e está suspensa a cerca de 8 metros acima do nível normal das águas do Tâmega. Este posicionamento oferece uma perspetiva privilegiada do curso de água e das margens densamente arborizadas.
A estrutura principal é constituída por cabos de aço entrelaçados, ancorados em estruturas de pedra granítica nas duas margens. A utilização destes materiais – aço, madeira e granito – reflete a combinação entre os recursos disponíveis na região e as necessidades técnicas da estrutura.
O pavimento de madeira, composto por tábuas dispostas transversalmente, confere um carácter rústico à ponte e produz um som característico durante a travessia – um suave estalar que muitos visitantes descrevem como parte integrante da experiência sensorial.
Outro aspeto fascinante é o balanço subtil que a ponte apresenta, especialmente em dias de vento. Esta oscilação, perfeitamente normal e segura após a reabilitação, faz parte do encanto da travessia e proporciona uma experiência sensorial única.
A ponte de arame como atração turística

Nos últimos anos, a ponte de arame transformou-se num destino turístico de crescente popularidade. O atrativo reside na sua localização privilegiada, oferecendo vistas panorâmicas deslumbrantes em todas as direções.
A experiência de travessia é, por si só, um momento inesquecível. Os visitantes descrevem frequentemente a sensação de liberdade e ligeira adrenalina ao caminhar sobre o rio, sustentados apenas pelos cabos de aço e pelo pavimento de madeira.
Ao longo do ano, a ponte oferece experiências diferentes. Na primavera, é possível observar a explosão de cores da vegetação ribeirinha; no verão, muitos aproveitam para combinar a visita com um mergulho refrescante; o outono transforma a paisagem num caleidoscópio de tons dourados; e mesmo no inverno, os dias límpidos oferecem vistas impressionantes do vale.
Impacto na economia local e no turismo regional
A reabilitação da ponte de arame gerou um impacto notável na economia local. Desde a reabertura, o número de visitantes à região aumentou significativamente, com estimativas apontando para um crescimento de cerca de 30% no turismo local.
Os estabelecimentos de restauração nas proximidades têm sido dos principais beneficiários desta dinâmica, reportando um aumento no volume de negócios. Muitos adaptaram as suas ementas para destacar pratos tradicionais da região, criando uma experiência gastronómica que complementa a visita.
O setor do alojamento também registou mudanças significativas, com o surgimento de pequenas unidades de turismo rural resultantes da recuperação de casas tradicionais. Estas unidades não só geram rendimento para os proprietários, como contribuem para a preservação do património edificado da região.
A ponte de arame e a ecopista do Tâmega
A integração da ponte na rede de percursos pedestres e cicláveis da região, particularmente na ecopista do Tâmega, representa um passo significativo na valorização deste património histórico.
A ecopista, desenvolvida ao longo do antigo ramal ferroviário, oferece um percurso de grande beleza paisagística que agora se conecta estrategicamente com a ponte de arame. Esta ligação permite aos utilizadores desviar do percurso principal para visitar este monumento histórico.
As entidades municipais de Celorico de Basto e Ribeira de Pena têm trabalhado em conjunto para promover esta integração, reconhecendo os benefícios mútuos de uma abordagem regional ao turismo.
A ponte de arame representa um extraordinário exemplo de como o património histórico pode ser preservado e revitalizado, transformando-se num ativo cultural, social e económico para toda uma região.
A reabilitação cuidadosa desta estrutura centenária demonstra que é possível conciliar a preservação da autenticidade histórica com as exigências modernas de segurança. O impacto positivo na economia local e no turismo confirma o valor do investimento na preservação do património.
Para quem visita esta joia histórica entre Celorico de Basto e Ribeira de Pena, fica o convite para uma experiência verdadeiramente multissensorial. Cada passo sobre as tábuas de madeira, cada olhar sobre o sereno rio Tâmega, cada momento de contemplação é uma oportunidade de conexão com um património único que merece ser descoberto e apreciado.