Imagina uma cidade moderna e planeada, erguida do zero em pleno coração de Angola. É exatamente isto que encontramos em Kilamba, um projeto urbanístico ambicioso que transformou a paisagem nos arredores de Luanda.

Neste artigo, vou partilhar consigo tudo o que precisa de saber sobre esta cidade fascinante que tem captado a atenção do mundo inteiro.

A história por trás de Kilamba

Kilamba nasceu em 2008, num período em que Angola procurava recuperar-se das cicatrizes deixadas pela guerra civil. Situada a apenas 30 quilómetros a sul de Luanda, esta cidade surgiu como resposta à crescente necessidade habitacional da capital angolana.

O projeto, financiado através de uma linha de crédito chinesa, representou um investimento colossal de 3,5 mil milhões de dólares. A construção ficou a cargo da China International Trust and Investment Corporation (CITIC), marcando um dos maiores empreendimentos da cooperação sino-angolana.

Uma cidade planeada ao pormenor

A planeamento de Kilamba impressiona pelos números. Com uma área total de 30,5 quilómetros quadrados, a cidade foi desenhada para acolher mais de 200 mil habitantes. A infraestrutura inclui 750 blocos de apartamentos, construídos com padrões modernos de qualidade e conforto.

Mas não é só de habitação que vive uma cidade. Kilamba conta com 17 escolas, 24 creches e mais de 240 estabelecimentos comerciais. Os moradores têm acesso a centros de saúde, campos desportivos e áreas de lazer, elementos essenciais para uma vida urbana de qualidade.

Do vazio ao dinamismo

Nos primeiros anos, Kilamba enfrentou críticas por parecer uma “cidade fantasma“. Os preços elevados dos apartamentos inicialmente dificultaram a ocupação. Contudo, após ajustes nas políticas de financiamento e preços, a cidade ganhou vida rapidamente.

A evolução populacional é notável: de praticamente zero em 2012, passou para 40 mil habitantes em 2013, dobrou para 80 mil em 2015 e atingiu cerca de 129 mil residentes em 2019. Este crescimento demonstra o sucesso do projeto em atrair a classe média emergente angolana.

Impacto socioeconómico

O desenvolvimento de Kilamba gerou debates importantes sobre o modelo de desenvolvimento urbano em África. Apesar do elevado custo financeiro para Angola, a cidade proporcionou habitação moderna para milhares de famílias e criou um novo polo de desenvolvimento.

Uma crítica recorrente foi a utilização predominante de mão de obra chinesa durante a construção, quando poderia ter gerado mais empregos locais. No entanto, após a conclusão, a cidade tem contribuído significativamente para a economia local através do comércio e serviços.

O dia a dia em Kilamba

A vida quotidiana em Kilamba distingue-se pela organização e modernidade. Os moradores desfrutam de ruas bem planeadas, espaços verdes e serviços públicos regulares. Os pavilhões multiusos acolhem eventos diversos, contribuindo para a vida cultural da comunidade.

O comércio local desenvolveu-se significativamente, com supermercados, restaurantes e lojas de proximidade. Esta dinâmica comercial tem criado oportunidades de emprego e empreendedorismo para os residentes.

Desafios e perspetivas futuras

A crise económica de 2014 – 2016 afetou o desenvolvimento de Kilamba, mas a cidade mostrou resiliência. Os desafios atuais incluem a manutenção das infraestruturas e a necessidade de mais investimentos em transportes públicos.

As perspetivas são animadoras. Kilamba continua a atrair novos moradores e investimentos. Existem planos de expansão e melhorias nas infraestruturas existentes, visando tornar a cidade ainda mais atrativa e sustentável.

Kilamba representa um marco importante no desenvolvimento urbano africano. Apesar dos desafios iniciais, transformou-se numa cidade vibrante que oferece qualidade de vida aos seus habitantes. É um exemplo de como o planeamento urbano pode criar espaços habitáveis e funcionais, mesmo partindo do zero.

Este projeto demonstra o potencial de desenvolvimento das cidades africanas quando há investimento e planeamento adequados. Kilamba não é apenas uma cidade nova, é um símbolo de esperança e progresso para Angola e para todo o continente africano.