Como deserdar filho em Portugal

Como deserdar filho em Portugal

Saiba como deserdar um filho em Portugal: processo legal complexo que exige justificativas específicas e deve ser formalizado em testamento.
Deserdar filho

A questão de deserdar filho em Portugal é um tema delicado que envolve importantes considerações legais e emocionais. Muitos pais questionam-se sobre esta possibilidade em situações extremas, mas é fundamental compreender que o processo não é simples nem automático.

A legislação portuguesa protege fortemente os direitos dos herdeiros legitimários, tornando a deserdação um processo complexo que requer justificações específicas e procedimentos legais rigorosos.

Para mais informações sobre a proteção legal dos herdeiros, pode consultar o Código Civil Português disponível no site do Instituto dos Registos e do Notariado.

A proteção legal dos herdeiros legitimários

Proteção legal ao deserdar filho
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No ordenamento jurídico português, os herdeiros legitimários gozam de proteção especial. A lei estabelece que uma parte da herança, denominada “quota legítima“, é reservada obrigatoriamente para estes herdeiros. Esta quota corresponde a dois terços do património hereditário, sendo que apenas um terço, conhecido como “quota disponível“, pode ser livremente disposto pelo autor da herança.

O cônjuge, descendentes e ascendentes são considerados herdeiros legitimários, tendo direito a uma parcela obrigatória da herança. Esta proteção visa assegurar a continuidade familiar e a proteção patrimonial dos membros mais próximos da família, representando um princípio fundamental do direito sucessório português.

Circunstâncias específicas para deserdar filho

Circunstâncias para deserdar filho
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A deserdação só pode ocorrer em situações muito específicas, previstas no Código Civil Português. Não basta uma simples desavença ou desentendimento familiar para justificar tal medida. As circunstâncias que podem fundamentar a deserdação incluem situações graves como:

O filho ter cometido ofensas físicas graves contra o progenitor, representando uma violação séria dos deveres familiares. As agressões morais de especial gravidade também podem constituir fundamento para a deserdação, desde que devidamente comprovadas.

A prática de crimes graves contra o ascendente, como tentativa de homicídio ou ofensas à integridade física, configura motivo legal para deserdação. O abandono em situação de necessidade, especialmente quando o ascendente se encontra vulnerável ou doente, também pode justificar este procedimento.

Requisitos formais para a deserdar filho

Para que a deserdação seja válida, é necessário cumprir requisitos específicos estabelecidos pela lei portuguesa. O processo deve ser formalizado através de testamento, onde a causa da deserdação deve ser expressamente mencionada e fundamentada.

O testamento deve ser elaborado respeitando todas as formalidades legais, preferencialmente na forma pública, perante um notário. É fundamental que o documento especifique claramente os motivos que levaram à decisão de deserdar, sendo estes motivos enquadráveis nas causas previstas no Código Civil.

O processo de deserdação na prática

O procedimento para deserdar filho inicia-se com a consulta a um profissional jurídico especializado em direito sucessório. Este profissional auxiliará na avaliação da situação e na verificação do enquadramento legal dos motivos alegados para a deserdação.

A elaboração do testamento deve ser minuciosa, contendo todos os elementos necessários para fundamentar a decisão. É importante reunir provas que demonstrem a existência das causas alegadas, pois estas poderão ser necessárias caso haja contestação posterior.

A incapacidade sucessória por indignidade

Além da deserdação, existe também a possibilidade de um filho tornar-se indigno de receber a herança. A indignidade sucessória ocorre em casos específicos, como homicídio doloso, calúnia ou falso testemunho contra o autor da herança.

A diferença fundamental entre a deserdação e a indignidade é que esta última opera automaticamente por força da lei, desde que declarada por sentença judicial, enquanto a deserdação necessita de manifestação expressa do autor da herança em testamento.

Impugnação da deserdação

Impugnação ao deserdar filho
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O filho deserdado tem o direito de impugnar a deserdação, contestando os motivos alegados. Esta impugnação deve ser feita judicialmente, cabendo aos herdeiros provar a veracidade das causas que fundamentaram a deserdação.

É importante ressaltar que o processo de impugnação pode ser complexo e moroso, envolvendo a produção de provas e possivelmente afetando as relações familiares de forma significativa.

Considerações finais e alternativas

Antes de optar pela deserdação, é aconselhável considerar alternativas menos drásticas, como o diálogo familiar ou a mediação. A deserdação deve ser vista como último recurso, dada a sua gravidade e consequências permanentes nas relações familiares.

É fundamental buscar orientação jurídica especializada para avaliar adequadamente a situação e compreender todas as implicações legais e práticas da decisão de deserdar filho. O processo requer cuidadosa documentação e fundamentação, além de estar sujeito a contestações posteriores.

Lembre-se que cada caso é único e merece análise individual, considerando não apenas os aspetos legais, mas também as consequências emocionais e familiares envolvidas nesta decisão tão séria e definitiva. Para mais recursos sobre questões legais e imobiliárias em Portugal, você pode visitar o blog da Morada Ideal, que oferece dicas úteis sobre diversos temas relacionados à habitação no país.

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