Em 2025, duas novas cidades assumirão o prestigiado título de Capital Europeia da Cultura. Chemnitz, na Alemanha, e a dupla transfronteiriça Nova Gorica–Gorizia, na Eslovénia e Itália.
Esta iniciativa, criada em 1985 pela então ministra da cultura grega Melina Mercouri, tem como objetivo celebrar a diversidade cultural europeia e promover o desenvolvimento local.
O que é a Capital Europeia da Cultura?
A iniciativa Capital Europeia da Cultura transforma cidades em palcos vibrantes de expressão artística e património cultural durante um ano inteiro.
O que começou como uma celebração cultural evoluiu para um importante catalisador de regeneração urbana e desenvolvimento económico. Atualmente, duas ou três cidades são designadas em simultâneo, permitindo estabelecer pontes entre diferentes regiões europeias.
A cidade alemã do gigante Karl Marx
Chemnitz, localizada no leste da Alemanha, carrega uma história de transformação. Conhecida como Karl-Marx-Stadt durante o período da República Democrática Alemã, mantém como símbolo uma enorme cabeça de bronze de Karl Marx no centro da cidade.
O lema escolhido para 2025 é “C the Unseen”, um convite para descobrir facetas menos conhecidas desta cidade industrial. O programa cultural explorará temas como transformação urbana, diversidade e inovação, estabelecendo pontes entre o passado socialista e um futuro europeu partilhado.
Nova Gorica-Gorizia
Pela primeira vez, duas cidades de países diferentes partilharão o título. Nova Gorica (Eslovénia) e Gorizia (Itália), separadas por uma fronteira que foi fortemente vigiada durante a Guerra Fria, representam um símbolo da integração europeia.
Até ao final da Segunda Guerra Mundial, existia apenas Gorizia. Com o redesenho das fronteiras, a parte ocidental permaneceu em Itália, enquanto a oriental passou para a Jugoslávia (atual Eslovénia). Com a entrada da Eslovénia na União Europeia, a fronteira física desapareceu, permitindo a livre circulação.
O projeto “GO! 2025” pretende capitalizar esta história única para criar uma experiência cultural verdadeiramente transfronteiriça.
Capitais europeias da cultura portuguesas

Portugal já teve três cidades designadas Capital Europeia da Cultura:
- Lisboa (1994) aproveitou para fortalecer a sua infraestrutura cultural, com a criação do Centro Cultural de Belém.
- Porto (2001) investiu na reabilitação do centro histórico e na construção da Casa da Música.
- Guimarães (2012) recuperou antigos espaços industriais, transformando-os em centros culturais.
Em 2027, será a vez de Évora assumir este título, juntamente com Liepāja, na Letónia.
Impacto no turismo e desenvolvimento local
As cidades designadas Capital Europeia da Cultura registam, em média, um aumento de 12% no número de visitantes durante o ano do título. Estima-se que, por cada euro investido no programa cultural, as cidades geram entre 6 a 8 euros em receitas.
Além do impacto económico, as cidades beneficiam de maior visibilidade internacional, implementam projetos de regeneração urbana e fortalecem o tecido cultural local, com efeitos que perduram muito além do ano da designação.
Processo de seleção

A seleção é rigorosa e competitiva. A Comissão Europeia estabelece uma agenda rotativa que determina quais os países que podem apresentar candidaturas em cada ano.
As cidades candidatas desenvolvem um dossier avaliado por peritos independentes, considerando critérios como a dimensão europeia do programa, o conteúdo cultural e a participação cidadã.
Futuro da iniciativa
A Capital Europeia da Cultura continua a evoluir, com as próximas edições já definidas: em 2026 será a vez de Oulu (Finlândia) e Trenčín (Eslováquia). Um desenvolvimento significativo foi a inclusão de cidades de países não pertencentes à União Europeia, mas que participam no programa Europa Criativa.
Temas como sustentabilidade ambiental, diversidade cultural e inovação digital ganharão ainda mais relevância nos próximos programas, consolidando esta iniciativa como um dos mais bem-sucedidos projetos culturais europeus, capaz de criar pontes entre o passado e o futuro do nosso continente.
A iniciativa Capital Europeia da Cultura, ao longo de quase quatro décadas, demonstrou ser muito mais que um título honorífico. Representa uma poderosa ferramenta de transformação urbana, coesão social e diálogo intercultural.
Para Chemnitz e Nova Gorica-Gorizia, 2025 será um ano de celebração das suas identidades únicas dentro do mosaico cultural europeu, com programas que prometem deixar um legado duradouro.
As experiências de Lisboa, Porto e Guimarães mostram como esta designação pode impulsionar o desenvolvimento sustentável das cidades, criando infraestruturas culturais permanentes e renovando o tecido urbano.
Para os amantes da cultura, as capitais europeias oferecem destinos alternativos ricos em património e expressão artística contemporânea.
Enquanto aguardamos por 2025, e mais tarde por Évora 2027, vale lembrar que o verdadeiro sucesso desta iniciativa está na sua capacidade de envolver cidadãos, artistas e visitantes num diálogo vivo sobre o significado da cultura europeia.
Um diálogo que transcende fronteiras, celebra a diversidade e reafirma os valores comuns que unem o continente europeu.