Pesquisar
Aurora boreal, um espetáculo celeste que fascina o mundo

Aurora boreal, um espetáculo celeste que fascina o mundo

O fenómeno da aurora boreal ocorre quando partículas do Sol colidem com gases atmosféricos. Em Portugal, avistamentos são raros, mas possíveis.
aurora boreal
Canva

Já imaginou olhar para o céu noturno e vê-lo pintado com cortinas de luz verde e rosa que dançam como se fossem movidas por uma força mágica? Este não é um cenário fictício, mas sim a aurora boreal, um dos fenómenos naturais mais impressionantes do nosso planeta.

Poderia pensar que este espetáculo está reservado apenas para locais como a Islândia ou a Noruega, mas em circunstâncias específicas, até o céu português já foi palco deste fenómeno fascinante.

O que é a aurora boreal?

A aurora boreal, também conhecida como “luzes do norte”, é um fenómeno natural caracterizado por exibições luminosas no céu noturno, predominantemente observadas nas regiões polares. O nome tem origem na mitologia romana, “Aurora” era a deusa do amanhecer, enquanto “Boreal” deriva de Bóreas, o deus grego do vento norte.

Foi Galileu Galilei quem, no século XVII, batizou este fenómeno com o nome que conhecemos hoje. A ciência por trás deste fenómeno envolve partículas carregadas do sol que, ao atingirem a atmosfera terrestre, interagem com gases como oxigénio e nitrogénio, produzindo essa exibição luminosa espetacular.

Auroras boreais e austrais, qual a diferença?

Embora falemos mais frequentemente da aurora boreal, existe também a aurora austral. A principal diferença entre ambas é a sua localização geográfica. A aurora boreal ocorre no hemisfério norte, enquanto a austral acontece no hemisfério sul, principalmente próxima à Antártida.

Esta distribuição não é por acaso. As auroras formam-se em anéis ovais ao redor dos polos magnéticos da Terra. Em termos físicos, ambos os fenómenos são idênticos, resultam do mesmo processo de interação entre o vento solar e o campo magnético terrestre.

Como acontece a aurora boreal?

Como acontece a aurora boreal
Canva

A aurora boreal é um fenómeno luminoso natural que ocorre nos céus do Ártico, resultando da interação entre partículas solares e o campo magnético terrestre.

Este espetáculo celeste, também conhecido como “luzes do norte”, apresenta-se como cortinas ondulantes de luz colorida que dançam no céu noturno, despertando admiração há milénios.

O vento solar e as erupções solares

O fenómeno começa com o vento solar, um fluxo constante de partículas carregadas que o sol liberta para o espaço. Quando ocorrem explosões solares ou ejeções de massa coronal, tempestades geomagnéticas podem dirigir-se à Terra.

O campo magnético terrestre

O campo magnético terrestre funciona como um escudo protetor, impedindo que estas partículas causem danos à vida na superfície. No entanto, algumas conseguem penetrar nas regiões polares, onde as linhas do campo magnético mergulham na atmosfera.

Interação com a atmosfera

Ao colidirem com moléculas de gases na ionosfera (principalmente entre 100 e 300 km de altitude), transferem energia, fazendo com que estas moléculas fiquem “excitadas”.

Quando estas moléculas retornam ao seu estado normal, libertam fotões, pequenos pacotes de luz que, em conjunto, criam o espetáculo visual que conhecemos como aurora.

Distribuição geográfica

Embora mais visíveis nas regiões polares, durante tempestades solares intensas, as auroras podem ser observadas em latitudes mais baixas. O “oval auroral” é a região onde as auroras são mais frequentemente visíveis, expandindo-se durante fortes tempestades geomagnéticas.

As cores da aurora boreal

A diversidade de cores das auroras depende da altitude e dos gases presentes na nossa atmosfera. O verde, a cor mais comum, resulta da interação com átomos de oxigénio a cerca de 100 a 150 km de altitude.

O roxo ou azul surge quando as partículas solares encontram moléculas de azoto. As raras tonalidades vermelhas ocorrem em altitudes muito elevadas, acima de 200 km, quando o oxigénio está mais rarefeito.

Estas cores podem misturar-se, criando cortinas e arcos de múltiplas tonalidades que se movem no céu noturno, oferecendo um espetáculo único a cada observação.

Aurora boreal em Portugal

Aurora boreal em Portugal
Canva

Embora possa parecer impossível observar auroras em Portugal devido à nossa latitude, existem registos de avistamentos desde o século XIX até episódios recentes.

Em anos recentes, tempestades solares excecionalmente fortes permitiram que o fenómeno fosse visível em várias localidades portuguesas como Vila Real, Covilhã, Seia, Arouca e até mesmo nos Açores e na Madeira.

O que torna isto possível são tempestades geomagnéticas intensas, quando o anel auroral expande-se temporariamente para latitudes mais baixas. Instituições como o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e a Universidade de Coimbra monitorizam estes eventos, auxiliando na previsão de possíveis avistamentos em território português.

Onde e quando ver a aurora boreal

Este fenómeno natural deslumbrante requer condições específicas para ser observado. A localização geográfica, o período do ano e a atividade solar são fatores determinantes para uma experiência bem-sucedida.

  • Recursos úteis: aplicações de previsão de auroras podem auxiliar no planeamento da observação
  • Localização ideal: regiões próximas ao círculo polar ártico oferecem as melhores oportunidades de observação
  • Melhor época: meses de inverno (setembro a março no hemisfério norte), quando as noites são mais longas e escuras
  • Ciclo solar: estamos num período ascendente do ciclo solar de 11 anos, proporcionando oportunidades excecionais nos próximos anos
  • Condições de visualização: procurar locais com céu limpo, afastados da poluição luminosa das cidades

Fotografando a aurora boreal

Captar este fenómeno requer equipamento específico. Uma câmara fotográfica com capacidade para exposições longas, um tripé robusto e, idealmente, lentes de grande angular. É fascinante como a câmara fotográfica consegue captar mais cores e detalhes do que o olho humano nestas situações.

As auroras boreais representam um dos mais belos exemplos da interação entre o nosso sol e o nosso planeta. São um lembrete da complexidade e beleza dos sistemas naturais que nos rodeiam.

Da próxima vez que olhar para o céu numa noite clara, especialmente durante períodos de intensa atividade solar, poderá ter a sorte de testemunhar este espetáculo celeste, mesmo a partir do território português, uma experiência verdadeiramente inesquecível que liga o nosso pequeno mundo às vastas forças cósmicas do universo.

Sumário

Gostou do conteúdo? Compartilhe.

Leia a seguir